segunda-feira, setembro 24, 2007

Profundidade...

Confesso que é nas alturas em que páro mais por casa por alguma razão que me questiono sobre a minha vida... (passo praticamente todos os fins de semana em casa... com excepção dos que vou à terra)
Tenho algum receio de dizer o que por vezes digo, mas faz-me bem e sei que quem ocupa o meu lugar acaba por sentir isto, apenas falta coragem para o manifestar.
Questiono constantemente a minha opção de ter sido mãe.
Definitivamente não fui feita pra isto...
É certo que quando tenho oportunidade de estar sozinha em casa, acabo por nalgum momento sentir a falta da minha filha, mas se nunca tivesse sido mãe, nunca saberia também o que "perdia", certo?!
As crianças são o melhor do mundo, dizem... ok, não quero ser mais crua do que já sou... mas se assim é... não temos de ser nós a tê-las. Há para aí tanta gente que quer sê-lo... pai e mãe é claro!

Não me interpretem mal, mas não tem sido fácil e parece-me que nunca vai ser.
Não tenho pachorra pra birras, pra teimosamente educar sem me passar porque os miudos irremediavelmente são teimosos em provar que as teorias podem ser contrariadas.
Não consigo viver muito tempo serena, sem um tempo para mim.
Não aguento este estado de tensão de antenas sempre ligadas.
Não suporto não ter vida própria.
Não lido bem com o facto de ter perdido a minha liberdade, de me sentir prisioneira de uma opção e não conseguir encaixar-me.
Não aguento esta culpa que carrego de ter tomado esta opção com o mais imberbe dos gajos que, até agora, me apareceu pela frente.
Não me perdoo por ter embarcado nesta relação e por me ter deixado ludibriar em sonhos de contos de fada.
Passo dias melhores, na boa... Assumo o melhor papel de educadora, elogiada por todos mas com demasiada rigidez.
Mas há imensos dias em que nem vos digo, nem vos conto.... Dói que se farta... Corrói.
Parece abrasivo. Ando às voltas em círculos e não saio disto. FÓNIX!
Depois sinto-me uma anormal porque a criança não tem culpa nenhuma... e não tem de sentir que a mãe está com ela pelos cabelos imensas vezes...
Culpa, culpa, culpa...
Tento colocar-me nos meus dias de criança. Naqueles em que sentia mais além do que aquilo que os outros achavam possível... Naqueles em que invariavelmente me sentia sozinha e desprotegida sem ninguém com quem partilhar...

Não queria que ela se sentisse como eu me senti... mas não consigo...

12 comentários:

Anónimo disse...

TINTIN
Não tens nada de te sentires mal, é absolutamnete normal os teus sentimentos, afinal tb somos seres humanos e temos o direito de viver e gozar a vida...eu sou pai de dois, uma com14 e um com 8. e estão perfeitamente ilucidados de que EU E A MÃE TAMBEM TEMOS DIREITO A VIVER, e que o Mundo não gira á volta deles...são crianças perfeitamente equilibradas e felizes..carro?? ouço a musica que eu quero e só depois é que vem a deles (isto é um exemplo)..não me deixo subjugar sobre o dominio deles...são seres muito inteligentes e que facilmente detetam as tuas fraquezas...

just me disse...

Acredita, que não deve haver mãe que não sinta isso. Eu muitas vezes me pergunto, como é que consegui ter 3 crianças, se nunca tive nem paciência, nem jeito para elas! Enfim.., tudo passa. Uns dias melhores outros piores!

Maria disse...

Ainda não sou mãe nem tenciono vir a ser tão brevemente, mas uma coisa que me assuta muito também é que depois de termos um filho sem dúvida que deixamos de ser nós.. Pode ser único, pode ser maravilhoso, mas acho que há momentos mesmo para esquecer..

bjnho

Anónimo disse...

Tenho uma filha de 11 anos, qdo a tive aos 20, não sabia nada em como ser mãe, o medo de falhar era grande, projectos adiados, vontade de mandar tudo ás urtigas, muito choro.
Tivemos a ajuda das nossas famílias é certo, mas conseguimos educá-la, fui contra muitos "princípios" de educação estabelecidos, mas até ver acho q estamos a fazer um bom trabalho, olho para trás e vejo que a base está construída para ela ser uma mulher segura e confiante com atenção ao próximo.
Pelo q percebo a tua filha tem perto de 3 anos, na mesma idade a minha filha foi ao psicólogo, aconselhada pela pediatra, e basicamente o que ouvimos é que ela em todos os espaços (casa dos pais, casa dos avós...) que frequentava era ela que ditava as regras e não os adultos, ele chegou a dizer que ela nos manipulava (e nós a pensar que são sempre anjinhos). A partir dessa altura as “regras” eram iguais em todos os espaços até ela entender que cada um tem direito ao seu tempo e espaço. Força mãe!

Humberto Costa disse...

OLÁ div,

Já vi que estas num dia cinzento. Mas eu vou tentar mostrar onde encontras o sol que procuras!

Todos nós temos de viver com as opções que fazemos na vida! Eu por exemplo vivo com o facto de ter-me empenhado muito em termos financeiros e pessoais por uma empresa que não me deu nada em troca, muito pelo o contrário. Vou precisar de 1 ano para voltar à estaca zero, e a partir dai andar para a frente. Bem sei que sou novo, mas não caminho para trás, e com ambição que tenho a nível profissional, estou com o tempo muito limitado. Mas adiante, que o que interessa é falar de ti!

Olha eu sou daqueles homens, que admira mulheres como tu! Aliás admiro tanto, que mulheres como tu são aquelas que escolheria (se pudesse escolher claro!), para partilhar a minha vida. Tu tens uma força que desconheces.

Bem sei, que não tenho experiencia nenhuma no que toca a ter um filho. Mas digo-te, não me importava de ter um. São uns seres pequenos que nos tiram muita liberdade, mas que nos amam independentemente daquilo que nós somos. São uns seres que nos tiram o juízo da cabeça, mas que quando dão aquele beijo, fazem derreter todo o gelo do nosso coração. São uns teimosos e birrentos de primeira apanha, mas que nos enchem o orgulho por serem inocentes e nossos.

Para teres uma ideia, eu não tenho filhos, nem namorada. E no entanto passo muitos fim-de-semana em casa, não tenho grande vida própria e tento lidar com isso.

Sê criativa! Eu sei que o tempo é escasso, e que fazer tudo ao mesmo tempo é difícil, mas tu tens muito valor por conseguir fazer tudo e acima de tudo seres mãe! Eu conheço muitas trintonas mães solteiras, e digo-te são mulheres com “M“. E muitas delas nem tem família para ajudar…

Mas a vida é feita destas coisas, e tudo tem solução! Tu tens a solução à tua frente! Só tens de a procurar! E acima de tudo, apoiares-te em pessoas que mereçam a tua confiança!

Gostava de poder dizer-te mais! Mas o resto só mesmo olhando nos olhos, para que consigas entender a minha mensagem.
No entanto, espero ter conseguido animar-te um bocadinho que seja, porque provavelmente leste isto mas não te sentiste melhor (digo eu!).

Desejo-te tudo de bom, e vou continuar a ler aqui o teu espaço de desabafo! Acredita que tu és uma mulher com “M” e tomara muitas serem 1/10 daquilo que tu és!

Beijos

Eumesma disse...

Não deve se fácil ser mãe, e mãe sem pai, ainda mto pior...

Tudo o ue pensas, o quesentes é legitimo, acho que já te disse isto algumas outras vezes.

Mas foi uma opção que fizeste e terás que viver com ela para o resto da vida, com todas as condicionantes que tem.
Depois se ter uma criança, não há volta a dar, talvez por isso nunca optasse por esse caminho, mas se isso te serve de consolo não é por ter mais vida própria que sou mais feliz. Não tenho nada nem ninguém que me prenda, mas passo tb quase todos fds em casa, mtos dias aqui a pensar que me sinto vazia, que me falta tanta coisa...
Nunca estamos bem como estaos é um facto, por isto por aquilo...
Mas os filhos são para a vida e tens apenas que tentar alternativas, talvez para passares mais tempo sozinha, sem ela, com amigos a fazer outras coisas, para assim não sentires todo o "peso" dessa situação...
São o melhor do mundo é certo, mas para quem é sozinho e tem que pensar em tudo, não deve ser fácil viver assim de facto...
Mas acho que é isso, tentares ter mais tempo para ti, até porque assim as saudades irão apertar, é um bocado como os casais que estão sempre juntos eheheh

Bjs (espero não ter dito muta parvoice):-)))

Anónimo disse...

Olá Div,
Os meus 2 miudos tem 15 (menina) e 13 anos (menino). [Bom...não sou assim cota...tive-os foi cedo... :) ] e ainda agora mesmo foi uma estafa conseguir que eles fossem para a cama pois amanhã têm aulas cedo...e eu se me sentar mais do que 5 min...a abobrar...acho que adormeço de cansaço. Mas sabes, tenho saudades do tempo em que eles eram da idade da tua pequenota: o trabalho físico com eles era maior...Mas o meu divórcio coincidiu com a entrada na adolescência deles e isso para mim foi super complicado porque o tipo de problemas e dificuldades com que tenho de lidar com eles são a um nível mais exigente, do ponto de vista do seu desenvolvimento psicológico e emocional...
De resto, tenho a certeza que só o facto de teres consciência das tuas limitações (e provavelmente és demasiado autocrítica *), te faz dar o teu melhor como mãe, mesmo nas alturas em que estás em momentos de queda livre...
Ah, e gostei mt dos comentários a este post!
bjs,
força
lua
(*) - Parece-me que nós, taurinas, somos demasiado autocríticas connosco próprias!

Anna^ disse...

Este teu "desabafo" faz de ti uma mãe de carne e osso,que procura lidar com as realidades do dia a dia da melhor maneira que sabe e consegue.Olha que não é fácil encontrar Mães/Mulheres que abram o coração como tu o fazes.Parabéns pela frontalidade e pela honestidade.E força para os dias com menos sol :)

beijo

i disse...

Faço minhas as palavras da anna^ - espero q ela n se importe...
Se um dia, daqui a alguns anos, puderes mostrar tudo isto à tua filha, tenho a certeza de que a única coisa que ela vai sentir, é um orgulho imenso em ter uma Mãe tão real/frontal/verdadeira e acima de tudo tão 'Mãe'!
Uma Mãe que não é verdadeira consigo ou com os outros não pode ser um bom exemplo, ou pode? ;o)
Calma e algumas regras novas (para estares mais tempo sózinha - qd e se te apetecer!) talvez possam ajudar!

Mamaíta disse...

Div, tens mais uma destas tuas fases, que todas temos, e mais uma vez vais conseguir seguir em frente. Sei e entendo o que sentes, e o que queres dizer com essas tuas palavras de desespero e tristeza, tens a dificuldade de estar sozinha com ela e é compreensível que por vezes chegues a um ponto de saturacao elevado. Nao sei que te diga mais, apenas que nao tens culpa de te sentires assim...

Beijinhos :)

Anónimo disse...

Olá Div. Sem querer meter-me num assunto que não é meu mas porque acompanho fielmente o teu blog (e a ti :)) não posso deixar de o fazer... Mais do que escrever, gostava de... ajudar. Sem compromissos, sem juízos, sem expectativas. Mas talvez nos possamos começar por nos conhecer melhor. Deixo o meu email (ladybug.pt@gmail.com) e deixo ao teu critério cntactar-me e/ou adicionar-me no msn, por exemplo. Por último, deixo um abraço com muita força e amizade,

Joana

Anónimo disse...

ah, como me identifico com os teus desabafos...também sou mãe e pai e também tenho uma filhota de 2anos...parabens pela frontalidade...não te julgues uma má mãe pelo que sentes...de facto, ser mãe é uma tarefa árdua...