Arranca a alma

Desde há quase 2 semanas que a pimpolha tem feito birra tanto para ir com o Pai como para ficar quando a trás.
Se por um lado não quer ir, por outro não quer ficar no regresso.
Tem sido frequente chamar o papá quando lhe coloco limites ou simplesmente não lhe satisfaço um desejo.
Tento reagir pelo silêncio demonstrando que não me afecta.
Mas hoje após umas quantas birras tipo lágrimas de crocodilo, antes de tomar banho, fez mais uma daquelas e disse que queria ir para o papá e que não queria ficar comigo. E repetiu. E repetiu.
Há alturas em que nos custa ouvir uma destas de uma pirralha de quase 3 anos...
Esta foi uma dessas alturas. Desatei a chorar de dor.
Tantos sacrfícios que tenho feito; tanta luta; tanta empenho em estar sempre bem para ela apesar das agruras porque pedagogicamente não se deve passar a ansiedade e tristeza para os filhos e no fim vamos ouvindo/vivenciando claramente a rejeição...

Bem sei: "não ligues; ela quer afectar-te; se lhe mostras que mexe contigo nesse ponto, estás feita; ela é apenas uma criança a deixar de ser bebé; no fundo ela está contigo; um dia ela há-de fazer as suas próprias avaliações; tu és uma super mãe; ela não percebe; ..."
Eu sei isso tudo e tenho-o posto em prática cada dia que me faz sentir assim, mas caramba, hoje afectou-me.

Ou ainda: "o que estará em falha contigo para que ela se sinta assim?"
Bolas, será que a culpa tem de ser sempre nossa??

Tanto que tenho sentido ao longo destes anos da sua existência;
tanto que tenho penado;
tantas escolhas feitas sempre em função do seu bem estar, ficando eu para trás ou apenas uma enormidade de sonhos e desejos;
tantas escolhas feitas colocando-a sempre em primeiro lugar;
tantas coisas que tive de prescindir;
tanto amor que lhe dou;
tanta educação;
tanto investimento;
tanta culpa de sentimentos emergentes quando por alguma razão me arrependo de ter optado por ser mãe...

E ainda..! a procissão ainda nem sequer vai no adro...