quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Ressentimentos

Um dia uma amiga disse-me: "Estás a precisar de ser filha e não de ser mãe". Caiu-me que nem uma bomba...! (ou será melhor dizer que nem luva?...)
Se calhar eu nunca fui filha, daquelas em que se tem mimos infinitos, sem regras, nem deveres. Compreendo perfeitamente as opções e falta de disponibilidade interior da minha mãe na fase em que eu era pititi (há acontecimentos mais que dolorosos na vida das pessoas...) mas não deixo de me ressentir com o que para mim sobrou.
Como dizia uma pessoa que adoro e com o qual me identifiquei prontamente, nas matrículas do 2º ciclo, "era uma criança numa fila de adultos".
Gostava mesmo que alguém, algum dia que fosse, perante um problema, me tivesse dito "não te preocupes, havemos de resolver isso". Para hoje, um dia que fosse, eu própria permitir que m'o dissessem.
Porra para os ressentimentos... (se alguém aceitar dádivas, não se acanhe).

9 comentários:

Lígia disse...

é tao bom um colinho! eu ndei às turras com a minha mae ate aos 20 anos, tive de sair de casa durante alguns anos para nos entender-mos as duas e agora tenho colinhos e mais colinhos, às vezes sem pedir. Mas não te sintas assim pá! também há o colinhos dos amigos, e para isso até sirvo... :) bom fds

Anónimo disse...

Aos 4 anos perdi a minha mãe, nunca soube o que um "colinho de mãe".
Partilho contigo esses ressentimentos...contra a vida talvez!

Elora disse...

Não te conheço mas estou cheia de vontade de te abraçar. Raio de mundo!

DIV de divertida disse...

LIGIA:
Linda...! Obrigada.

FÁ:
Contra a vida... talvez...
Mas pesarosa por muitas vezes ser tão difícil dar a volta.

ELORA:
Acredita que chegou cá o abracinho. Fiquei a sorrir com ternura (é assim que ficamos qd somos abraçados com mimo, não é?)
:)

Maríita disse...

uma coisa é aos trinta perceberes que a tua mãe na tua infância não tinha disponibilidade, fosse porque motivo fosse, isso podes racionalizar, outra coisa totalmente diferente, é quando és criança e tudo na tua vida depende dos teus pais (por maioria de razão da mãe) compreenderes que ela tinha outras preocupações e que não te dava a atenção que precisavas e deixar-te com uma sensação de tristeza.

Beijinhos amigos

Anónimo disse...

È curioso,
nós á medida que caminhamos para velhos, velhos mesmo, tipo 80, 90 anos, começamos mentalmente a regressar á juventude e a ter comportamentos como as crianças.
Por isso não tenhas pressa até porque na altura não vamos ter nenhuma mãe á altura...

migvic

Kalinka disse...

Vim directamente da Pitucha...e gostei do teu «abobrar no sofá».

É isso que nós fazemos nos dias de hoje...abobramos no sofá, e muitas das vezes no sofá do psicanalista...

Pois, eu também pouco me recordo de ter tido «colinho» como muitas pessoas tiveram...sei que a vida da minha Mãe era complicada e de muito trabalho...enfim...mas tal como tu, não deixo de me ressentir com o que para mim sobrou.

Vou continuar a visitar-te, gostei de estar aqui.
Bom fim de semana.

DIV de divertida disse...

MARÍITA:
Mas as racionalizações não bastam para lidar com tudo e arrumar na respectiva gavetinha. É preciso mais... e nem sempre nos é possível.
Muito bom, tem sido para mim descobrir estas questões e falar delas sem ir a correr desancar a minha mãe.

MIGVIC:
Não conto chegar lá... os cigarritos não deixarão.

KALINKA:
O engraçado é que ter a noção de tudo isto deixa-me mais tranquila comigo própria. É como se encontrasse algumas respostas...
Volta sempre.

1entre1000's disse...

digo tantas e tantas vezes: queria a minha mãe!!!
sempre fui super mimada, perdi a minha mãe e andei à deriva sei la quanto tempo...